Empresa do Pico está a vender carne seca e fumada dos Açores
A chegada deste casal californiano à ilha do Pico deu-se no ano de 2008. Antes disso, Griffin tinha sido convidado, em 1998, para participar num estudo da Universidade dos Açores relacionado com marisco de profundidade. A experiência despertou-lhe a vontade de regressar e de se fixar na Região, uma intenção que se concretizou dez anos depois.
Para além de uma empresa de marisco, que se encontra “um pouco em pausa” devido à pandemia de Covid-19, Tricia Alker conta como surgiu a ideia de avançar para a produção do Beef Jerky (carne de vaca fumada e seca)
“Como somos da Califórnia, existiam alguns produtos de que gostamos muito mas que não se encontram cá. Entre esses, estava o Beef Jerky”, começa por explicar Tricia.
A pandemia e o facto de “termos tido tempo para começarmos a pensar noutras coisas”, levou o casal a iniciar este processo apenas para consumo próprio. Mais tarde, e “depois de termos dado a provar a alguns amigos do Pico”, o casal percebeu que este produto poderia ter uma boa aceitação na Região.
“Como já tínhamos uma instalação licenciada para o negócio do marisco, adaptamo-la para podermos começar a produzir o Beef Jerky”, refere Tricia Alker.
Esta empresa, “inteiramente familiar”, utiliza um processo completamente artesanal para a fumagem e secagem da carne e, actualmente, aposta na produção e comercialização de dois tipos de Beef Jerky: o original e o picante.
Tricia Alker explica que a sua empresa trabalha em parceria com outras empresas da Região, “como o Quintal dos Açores e os seus molhos picantes. Usamos a carne da Quinta dos Açores, na Terceira e da DPCA do Pico”. A qualidade da carne açoriana é, para estes empresários, uma das grandes vantagens deste produto.
“As vacas aqui estão mais livres nas pastagens, comem maioritariamente erva e a carne é mais limpa (…) Nos EUA, o Beef jerky é muito popular e existem marcas que só usam carne de vaca deste tipo que é considerada Premium. A nossa carne dos Açores é toda Premium e por isso podemos criar um produto de grande qualidade”, destaca.
A empresária refere que a Azores Jerky produz “sempre lotes pequenos (entre 20 a 40 embalagens por lote) ”, apesar de o negócio estar a crescer e a ganhar novos clientes.
“A Azores Jerky não é uma fábrica de produção em massa e apostamos num processo controlado e mais artesanal. Temos capacidade para produzir muito mas queremos ter sempre um produto mais fresco e de melhor qualidade”, salienta.
Tricia Alker admite que a empresa tem a ambição de crescer, mas como esta é uma empresa recente e de cariz familiar, “temos de começar devagar e dando passos seguros”.
Presente em sete ilhas dos Açores, com excepção das Flores e Corvo, esta empresária afirma que o “negócio está a crescer rapidamente”, apesar de este ser um “produto bastante desconhecido para os açorianos que não viajaram para os Estados Unidos da América ou para o Canadá”.
“Já vendemos também no continente e até temos pessoas de fora, turistas que passaram cá no Verão, que depois de provarem, nos contactaram para comprar. Neste momento ainda só temos Facebook mas dentro de pouco tempo vamos ter um site para ajudar nessa vertente das vendas”, avança.
Tricia Alker explica também que “embora o Beef Jerky não seja um petisco tradicional, a maioria das pessoas quando experimenta gosta. Não é presunto e não é linguiça. Tem aquele sabor parecido à linguiça, porque é um pouco fumado, mas realmente é completamente diferente”. Para além desse bom sabor, o Beef Jerky é ainda um produto saudável, “quase só proteína, muito baixo em gorduras e tem a vantagem de não se estragar facilmente”. Por isso, a empresária revela a grande variedade de pessoas que têm procurado este produtos.
“Temos pescadores e outras pessoas que precisam de comer algo que lhes dê mais energia e que não tem muito tempo para parar e comer. Há também guias de montanha que optam pelo Beef Jerky ao invés de uma barra de cereais e até mães, que estão a comprar para os filhos levarem para a escola”, afirma.
O casal que aposta na comercialização deste novo produto acredita que “existem muitas potencialidades aqui nos Açores”.
“Reparamos nisso logo quando chegamos e ainda existem muitas oportunidades ao nível de produtos ou de serviços para quem queria ser empreeendedor. Nestes últimos 12 anos em que cá estamos, já assistimos a um grande crescimento e acreditamos que ainda existe espaço para mais. O nosso projecto é também um exemplo disso mesmo; de que é possível introduzir um novo produto com os recursos dos Açores e de maneira diferente”, afirmam.
Luís Lobão
Fonte: Correio dos Açores